quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Em meio à crise, brasileiros trocam gás por lenha para cozinhar

 



Jaqueline de Oliveira, mãe solteira de Itamaraju, no Nordeste da Bahia, cozinha em fogo de lenha ou carvão há seis meses. Desempregada e criando quatro filhos de 6 a 13 anos, ela não pode mais comprar gás liquefeito de petróleo engarrafado, que é o combustível de cozinha mais usado no Brasil.

“Ficou muito caro. Os preços dos alimentos, os preços da eletricidade, tudo subiu. Gás de cozinha é agora algo que só podemos comprar se tivermos algum dinheiro sobrando”, disse ela à EarthBeat.

O corpo de Oliveira traz as marcas dessa mudança. Ela queimou as mãos e os braços várias vezes enquanto alimentava o fogo com gravetos. Embora cozinhe no quintal, ela suspeita que inalar a fumaça esteja afetando sua saúde.

“Tenho me sentido mais cansada desde então. Tenho pressão alta e acho que a fumaça está tendo um impacto sobre isso”, disse ela.

A situação de Oliveira está se tornando cada vez mais comum no Brasil, à medida que a combinação de alto desemprego, aumento da inflação e preços mais altos para os combustíveis derivados do petróleo tem levado milhões de pessoas a trocar o gás pela madeira e outros combustíveis sólidos para cozinhar. Mais de um quarto dos lares brasileiros usa lenha para cozinhar, com consequências para a qualidade do ar e a saúde das famílias.

O problema afeta residentes de áreas rurais e de bairros urbanos populosos e de baixa renda. Pessoas no campo e em cidades pequenas tendem a ter mais espaço ao ar livre onde um incêndio representa menos perigo, mas nas favelas de grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, as casas minúsculas e apertadas – que muitas vezes se parecem mais com barracas de madeira – estão amontoados juntos, e os fogões e fogueiras improvisados ​​representam grandes riscos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário